sábado, 4 de maio de 2013

O Olho que tudo vê (Crítica: Perfume de Mulher / 1992)



Al Pacino já era um ator consagrado quando finalmente recebeu seu primeiro e único Oscar. Alguns de seus filmes se tornaram clássicos dentro da história do cinema e, claro, que muito disso vem da presença do ator. Quem não se lembra, por exemplo, da magnífica interpretação de Pacino em Um Dia de Cão (1975), do vigor de sua arte em Serpico (1973), ou da extrema entrega de Scarface (1983)? A verdade é que nessa incrível carreira tem filme bom que não acaba mais. E não é pretensão citá-los, é fato. A trilogia O Poderoso Chefão, Donnie Brasco, O Pagamento Final e mais uma série de outros títulos sugerem uma trajetória estelar, de muito reconhecimento e de continuidade inegável. Atualmente, Al Pacino resolveu brincar de fazer cinema. Brinca tanto a ponto da dúvida pairar sob sua figura. Quem se propõe a conhecer Al Pacino como ator dos anos 2000 terá poucas surpresas boas. Então, sugiro que volte no tempo e conheça o monstro que habita a alma desse ator.

Perfume de Mulher (1992) respira ares de Al Pacino. Se imaginar o filme sem o ator, fica difícil acreditar que o resultado pudesse ser o mesmo ou até mesmo levemente parecido. A criação de um personagem consumido por padrões e preconceitos, que ele mesmo lança e que também o atingem, deram a chance que Al Pacino buscou a vida toda: uma interpretação complexa e emocionante. Sim, mil personagens com as mesmas características passaram pela vida do ator, mas nenhum com a carga de vida e experiência contida em seu cerne como o tenente-coronel cego Frank Slade, o dual e notável personagem de Al Pacino.

A cegueira é o maior empecilho na vida de Frank, óbvio, e no feriado de Ação de Graças junto de uma espécie de cuidador, interpretado por Chris O'Donnell, resolve fazer uma viagem a Nova York, onde vai desfrutar dos maiores prazeres da vida, segundo ele, antes de cometer suicídio. Frank permanece recluso, morando nos fundos da casa de uma parente. As pessoas que se aproximam dele possuem sérias dificuldades em manter convivência, seja pela falta de empatia suplantada pela arrogância do militar ou até mesmo pelo estilo de vida extremamente reservada, contida em ambientes escuros, frios e carregados de sentimento de impotência.

A viagem até Nova York, o recheio desse bolo, implica na visualização real da personagem de Al Pacino. Aquele homem recluso e deprimido se revela, então, um sonhador. Aquele tango fascinante, em que o ator desfila todo seu charme e talento, é um exemplo digno de uma vida deixada para trás, de um sentimento pedindo olhos, bocas e poros abertos. Dá-se, então, a explosão na atuação de Pacino.

O'Donnell até tenta dividir o protagonismo do filme com o veterano, mas a tarefa se traduz numa impossibilidade catastrófica, pontuando um filme não tão bem-sucedido no seu final, lançando inúmeros clichês e sensações já vividas, já vistas. Mas Al Pacino é gênio. A magia de seu trabalho resplandece aos olhos de qualquer um, mesmo no seu olhar vazio e que nada vê, mas que encanta e supera milhões de finais felizes.

6 comentários:

  1. Bela crítica para um filme que dispensa comentários. Um dos melhores papéis de Pacino, e Scarface é outro momento de glória do ator, sem contar sua estreia magnífica em Godfather.

    http://ocinematografo.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Na verdade ele estrou no cinema em 69 no filme "Uma Garota Avançada", em 1971 foi um dos protagonista de "Os Viciados" (por sinal indico este filme) e no ano seguinte estrelou The Godfather, filme que lhe tornou conhecido para o grande público. :)

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    2. Na verdade ele estrou no cinema em 69 no filme "Uma Garota Avançada", em 1971 foi um dos protagonista de "Os Viciados" (por sinal indico este filme) e no ano seguinte estrelou The Godfather, filme que lhe tornou conhecido para o grande público. :)

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  2. Taxi driver tambem é um bom filme de Pacino

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